sexta-feira, 16 de novembro de 2007

A LOJA MÁGICA DE BRINQUEDOS

Antes do início da sessão de A LOJA MÁGICA DE BRINQUEDOS, já havia percebido que ali, eu era a exceção. Em meio a uma sala cheia, eu era provavelmente o único cidadão maior de idade que não estava acompanhando os filhos durante uma tarde no cinema.
Claro que eu sabia que se tratava de um filme infantil; só não imaginava que A LOJA DE BRINQUEDOS além de ser um filme unicamente voltado aos baixinhos, era, sobretudo, um filme ruim.
Dirigido e escrito por Zach Helm, elogiadíssimo roteirista de MAIS ESTRANHO QUE A FICÇÃO, o filme estrelado por Dustin Hoffman e Natalie Portman não só é um amontoado de clichês vistos em inúmeras outras histórias infantis, como não decola em momento algum, seja pela pouca criatividade em sua direção, ou até mesmo por sua fragilidade narrativa.
A trama gira em torno de Mr. Magorium (Hoffman) e sua mágica loja de brinquedos, administrada por ele e pela gerente Molly Mahoney (Portman), uma pianista frustrada por não ter dado certo em sua carreira musical.
Tanto Magorium, quanto Mahoney acreditam na magia da loja sem em momento algum questionarem-se sobre ela, e assim, somos apresentados logo de cara ao fantasioso mundo do filme. O problema é que toda a magia deste universo é apresentada de forma rápida e superficial demais, sem jamais nos permitir penetrar mais a fundo na loja e nos personagens que a habitam. Visualmente parecida com as obras de Tim Burton (PEIXE GRANDE, A FANTÁSTICA FÁBRICA DE CHOCOLATES), A LOJA MÁGICA DE BRINQUEDOS acerta em seu visual arrebatador, com uma direção de arte e efeitos especiais à altura do universo mágico que deveria ter sido criado. Infelizmente, Zach Helm, estreante no papel de diretor, trilha caminhos diferentes do experiente Tim Burton, criando uma narrativa cinematográfica sem grande criatividade, e jamais se aprofundando no mundo por ele criado e muito menos em seus protagonistas.
Assim, enquanto Mr. Magorium quase se torna um Willy Wonka canastrão (que só se salva graças ao talento de Dustin Hoffman), Natalie Portman exibe carisma e simpatia numa personagem que não tem muito mais a oferecer. Fechando o elenco, Jason Bateman vive um contador que antes incrédulo na magia da loja, transforma-se completamente devido a repentina paixão que tem pela personagem de Portman, além do garotinho Zach Mills, que encarna mais uma dessas criancinhas gênios que habitam o cinema de Hollywood.
Baseado numa trama totalmente escassa de conflitos, A LOJA MÁGICA DE BRINQUEDOS erra completamente a mão ao se afastar de seu cenário principal durante boa parte da projeção. Num ano em que tivemos o sensível PONTE PARA TERABÍTIA, surge apenas como um entretenimento mediano para crianças menores e dificilmente atingirá ao expectador mais adulto, algo que tanto TERABÍTIA, quanto as duas versões da FÁBRICA DE CHOCOLATES cumpriram com êxito.

por ALVARO ANDRÉ ZEINI CRUZ

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