sábado, 2 de janeiro de 2010

FILMES 2009

Não há como fugir das famigeradas listas de final de ano. Pode-se dizer que não se deve levá-las a sério, ou simplesmente ignorá-las por completo, mas não há como negar que compilá-las é quase sempre um exercício interessante e, por que não assumir, divertido, embora seja também uma tarefa um tanto quanto árdua de ser realizada (a memória muitas vezes é fraca, assim como o olhar é mutável – ainda bem!). Em 2009, uma lista mais sucinta, dois empates (às vezes é impossível optar por um único filme em determinada colocação), além daqueles que chegaram quase lá. E sim, a lista está organizada por ordem preferencial (já que é para sermos parciais, afinal listas sempre são injustas e parciais, seremos por completo – risos), contendo ainda um breve comentário sobre cada filme. Vamos aos filmes:

1. Amantes, de James Gray
O abismo entre a felicidade possível e a idealizada num filme de pequenos gestos.

e
Deixa ela Entrar, de Thomas Alfredson
Traz à tona a violência e a crueldade como possibilidades à infância. De quebra, faz um comovente discurso sobre a questão do tempo.









2. Bastardos Inglórios, de Quentin Tarantino
A intriga delimitada ao espaço é a oração. A violência anárquica e explosiva, o ponto final.

3. Gran Torino, de Clint Eastwood
O caubói deslocado de seu espaço e tempo.

4. O Lutador, de Darren Aronofsky e Milk – A Voz da Igualdade, de Gus Van Sant
Filmes cujo cerne são seus diretores e protagonistas. Aronofsky encontra os Dardene; Van Sant, o mix entre Gênio Indomável e Elefante. Rourke (personagem) descobre ser herói no ringue, nunca fora dele; Penn se equilibra entre a sutileza e a afetação.

5. A Troca, de Clint Eastwood
O melodrama e o classicismo sob a economia de Clint Eastwood.

6. Inimigos Públicos, de Michael Mann
Um personagem cinematograficamente iconológico encontra a si próprio em lugar não menos apropriado: dentro do cinema.

7. Aquele querido mês de agosto, de Miguel Gomes
Pensava-se que a fronteira entre o documental e a ficção era tênue. Miguel Gomes prova que é invisível.

8. Entre os muros da escola, de Laurent Cantet
O contraponto letargia e impulsividade presente na juventude européia, já retratado por cineastas como Bruno Dummont e Pierre Jolivet, é aqui cercado pelo espaço. Professor e alunos iniciam em posição hierarquizada, porém, o confronto no pátio vai tornando-se inevitável. Ao final, a garota entorpecida, que não sente ou entende nada.

9. Avatar, de James Cameron
Cameron e suas histórias simplérrimas. O antigo conflito da colonização não só encontra aqui extrema atualidade, mas retorna ainda à inocência da imaginação e ao aprofundamento da técnica.

10. Moscou, de Eduardo Coutinho
Um desvelamento teatral e cinematográfico.
Menção honrosa: a série Friday Night Lights, drama teen televisivo pouco conhecido e praticamente ignorado pelas premiações, que merece ser visto pelo olhar avesso que dá ao sonho americano.
Outros títulos que chegaram quase lá (esses sim em ordem alfabética):
Arrasta-me para o inferno, de Sam Raimi
Coraline e o mundo secreto, de Henry Selick
Eu te amo, cara, de John Hamburg
Up – Altas Aventuras, de Pete Docter
Valsa com o Bashir, de Ari Folman
por ALVARO ANDRÉ ZEINI CRUZ