terça-feira, 29 de janeiro de 2008

A LENDA DO TESOURO PERDIDO - LIVRO DOS SEGREDOS

Seqüências cinematográficas vêm sempre cercadas de grandes expectativas, além de uma interrogação bastante batida, mas quase que inevitável: “É tão bom quanto o primeiro?”. No caso de A LENDA DO TESOURO PERDIDO – LIVRO DOS SEGREDOS a resposta é um categórico NÃO, a ser discutido e dissecado nos parágrafos abaixo, que ainda assim, não atrapalha a eficiência do longa se visto como um mero exemplar do cinema entretenimento (o que já é alguma coisa, ou alguém esperava algo além disso?).
Direto ao ponto, a grande mancada de O LIVRO DOS SEGREDOS está em seu roteiro mal-escrito, que além de recorrer a uma porção clichês típicos do gênero (é quase impossível conter o riso quando vemos Nicholas Cage soltar um sonoro “Cuidado, ele está armado!”), é incapaz de dar qualquer complexidade à construção de seus personagens. Assim, vemos grandes talentos como Hellen Mirren (A RAINHA) e Ed Harris (AS HORAS) desperdiçados em caricaturas existentes apenas para dar algum conflito à trama (Harris, especialmente, já que seu vilão é submetido a todo instante aos turn-points da história). Como se não bastasse, O LIVRO DOS SEGREDOS confirma sua incompetência apresentando ao herói uma motivação fraca, quase que absurda, como desculpa para esta nova aventura, e não satisfeito, dá ao mocinho Ben Gates (Cage) um caráter bufão não condizente ao protagonista da série (a cena em que Cage discute com a ex-mulher é, simplesmente, constrangedora de ser assistida). Em tempo (e quase me esquecendo do maior dos absurdos) tenta ainda fazer o expectador de idiota, com uma subtrama completamente inverossímil envolvendo o seqüestro do presidente norte-americano.
Sob a direção apenas mediana de Jon Turteltaub, LIVRO DOS SEGREDOS afunda-se ainda mais através de interpretação equivocada de Cage. Turteltaub, por sua vez, demonstra-se incapaz de criar uma boa seqüência de ação nos dois primeiros atos, vindo a surpreender apenas na parte final da história (muito mais pelos efeitos do que por qualquer outra coisa).
Afinal, o que salva LIVRO DOS SEGREDOS de ser uma tremenda bomba? Ora, as boas presenças de John Voight, Diane Kruger e Justin Bartha (que rouba a cena como o atrapalhado historiador assistente de Gates), o bem sacado uso de tecnologia cotidiana (como câmeras de celulares e até mesmo um radar eletrônico) como objetos recorrentes no desenrolar da aventura, e o simples fato de que uma caçada ao tesouro é sempre uma boa pedida. E embora esteja longe de qualquer clássico INDIANA JONES, ou sequer se iguale ao original, A LENDA DO TESOURO PERDIDO – O LIVRO DOS SEGREDOS certamente será entretenimento garantido para quem procura diversão simples e despretensiosa.


por ALVARO ANDRÉ ZEINI CRUZ

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

OSCAR 2008: INDICADOS

Más notícias. O ANO EM QUE MEUS PAIS SAÍRAM DE FÉRIAS acabou ficando de fora da corrida ao Oscar. Uma pena, pois o longa de Cao Hamburger vinha como grande favorito, não apenas por sua invejável carreira internacional, mas também pela eliminação de seus principais concorrentes da categoria, o romeno 4 MESES, 3 SEMANAS E 2 DIAS, e o francês PERSÉPOLIS, que acabou entrando aqui na categoria de MELHOR ANIMAÇÃO, tornando-se uma visível ameaça ao então favorito RATATOUILLE. Aliás, a premiadíssima animação da PIXAR, dirigida por Brad Bird, foi bastante lembrada, sendo indicada em cinco categorias (animação, roteiro original, trilha sonora, som e edição de efeitos sonoros). Empatados com o maior número de indicações (oito no total), o favorito (por enquanto) ONDE OS FRACOS NÃO TÊM VEZ, dos Cohen, e SANGUE NEGRO, de Paul Thomas Anderson. Agora, é impressão minha ou o filme dos irmãos Cohen vem perdendo força desde sua derrota no Globo de Ouro para DESEJO E REPARAÇÃO?
De qualquer forma, SANGUE NEGRO promete não tornar a disputa fácil, já que é um filme com alto teor político, duas grandes interpretações (além da do indicado Daniel Day-Lewis, a aclamada atuação de Paul Dano), um diretor renomado, e um auê crescente em torno de si próprio, podendo logo tomar a dianteira na disputa.
Na categoria MELHOR FILME, além dos dois recordistas acima citados, ainda as já esperadas indicações de DESEJO E REPARAÇÃO (vencedor do Globo de Ouro de Melhor Filme) e CONDUTA DE RISCO. A surpresa fica por conta da presença da comédia independente JUNO, o PEQUENA MISS SUNSHINE do ano.
Indicados à MELHOR DIRETOR, novamente os Cohen, ao lado de Paul Thomas Anderson, Tony Gilroy (CONDUTA DE RISCO), Julian Schnabel (vencedor do Globo de Ouro de Melhor Diretor por O ESCAFANDRO E A BORBOLETA), e por último Jason Reitman, surpreendendo novamente por JUNO, numa indicação no mínimo justa e interessante, já que Reitman já havia se mostrado talentoso em seu último trabalho, o excelente OBRIGADO POR FUMAR.
A categoria MELHOR ATOR surpreende apenas por incluir Tommy Lee Jones (ONDE OS FRACOS NÃO TÊM VEZ) à lista. Dentre os demais, nenhuma novidade: George Clooney (CONDUTA DE RISCO), Viggo Mortensen (SENHORES DO CRIME), Johnny Depp (SWEENEY TODD) e Daniel Day Lewis (SANGUE NEGRO). Ausências sentidas? Talvez apenas James McAvoy, um jovem grande ator, por seu trabalho em DESEJO E REPARAÇÃO.
MELHOR ATRIZ? Bem, parece que Julie Christie em algum momento (não sei exatamente qual) deixou Marion Cottilard para trás e surge como a favorita à premiação. Agora, convenhamos, por mais que a interpretação de Christie seja fenomenal (não sei, mas dizem que é), uma personagem com Mal de Alzheimer não é lá uma coisa muito original. Ou alguém já se esqueceu da indicação de Judi Dench há 6 anos atrás por ÍRIS? Enfim, a disputa provavelmente será acirrada entre Christie e Conttilard, surgindo espaço ainda para uma jovem talentosa, Ellen Page, por JUNO. Correndo por fora, Cate Blanchett, por ELIZABETH: A ERA DO OURO (Blanchett provavelmente sairá daqui de mãos abanando para ganhar mais adiante como coadjuvante em I’M NOT THERE) e a boa presença de Laura Linney, por THE SAVAGES. De fora, o excepcional e injustiçado trabalho de Ashley Judd, por POSSUÍDOS (e não sei por que cargas d’água muita gente apostava em Anne Hathaway, por BECOMING JANE, já que a atriz sequer foi lembrada em qualquer premiação).
Tal qual a categoria de MELHOR ATOR, a de MELHOR ATOR COADJUVANTE traz quatro indicados já esperados e um como elemento surpresa. Hal Holbrook vem por NA NATUREZA SELVAGEM, filme dirigido por Sean Penn, numa indicação não muito aguardada (esperavam-se indicações para Melhor Direção e até mesmo Melhor Filme). Juntos à Holbrook, o favorito Javier Bardem (ONDE OS FRACOS NÃO TÊM VEZ), Tom Wilkinson (CONDUTA DE RISCO), além de Philip Seymor Hoffman e Casey Affleck, indicados por dois filmes pouco lembrados pela premiação: JOGOS DO PODER, de Mike Nichols (CLOSER) e O ASSASSINATO DE JESSE JAMES PELO COVARDE ROBERT FORD, de Andrew Dominik.
ATRIZ COADJUVANTE? Amy Ryans (MEDO DA VERDADE), Ruby Dee (O GÂNGSTER), Saoirse Ronan (DESEJO E REPARAÇÃO), Tilda Swinton (CONDUTA DE RISCO) e a já citada Cate Blanchett, por I’M NOT THERE. Dúvidas? Blanchett é a grande aposta (minha e de muita gente).
As categorias de ROTEIRO ORIGINAL e ADAPTADO também não apresentam grandes novidades, a não ser talvez a presença de RATATOUILLE, LONGE DELA e LARS AND THE REAL GIRL. De resto, JUNO, DESEJO E REPARAÇÃO, ONDE OS FRACOS NÃO TÊM VEZ, etc. Enfim, estão todos ali!
Nas categorias consideradas técnicas, coisas boas como O ULTIMATO BOURNE (montagem, som e edição de som), PIAF (maquiagem e figurino) e ACROSS THE UNIVERSE (figurino), dividem espaço com trabalhos medíocres, o maior deles, certamente, NORBIT (maquiagem).
E num ano em que pelo menos dois musicais (HAIRSPRAY e SWEENEY TODD) poderiam ter rendido uma boa canção original, o grande competidor da categoria é o simpático Disney ENCANTADA, com três indicações, ao lado dos dois pouco conhecidos ONCE e O SOM DO CORAÇÃO.
Finalizando meu comentário sobre as principais categorias, a de MELHOR ANIMAÇÃO, que tinha como quase certa a vitória de RATATOUILLE. Se TA DANDO ONDA (an?!) não deve incomodar o ratinho cozinheiro (mesmo tendo eliminado OS SIMPSONS, antes aposta certa entre os indicados), o mesmo não deve ser dito de PERSÉPOLIS, aclamada animação francesa que, sequer selecionada como MELHOR FILME ESTRANGEIRO, deve tornar acirrada esta etapa da disputa.
Sem mais delongas, os vencedores serão anunciados no domingo de 24 de fevereiro, e desta vez, a greve promete não atrapalhar!

por ALVARO ANDRÉ ZEINI CRUZ
Janeiro; definitivamente, um mês de grandes baixas. Foi encontrado hoje o corpo do ator Heath Ledger, protagonista de filmes como CASANOVA, OS IRMÃOS GRIMM e CANDY, mas mais conhecido por sua premiada atuação em O SEGREDO DE BROKEBACK MOUNTAIN.
Ledger tem ainda duas aclamadas atuações prestes a estrear nos cinemas: em uma encarna uma das faces do cantor Bob Dylan, no filme I’M NOT THERE; na outra, rouba a cena do homem-morcego dando vida ao Coringa de BATMAN: THE DARK KNIGHT.
Ele foi casado com a também atriz Michelle Williams (DAWSON’S CREEK, O SEGREDO DE BROKEBACK MOUNTAIN) com quem tem uma filha de dois anos, e acredita-se que a causa de sua morte esteja ligada a suicídio ou a uma overdose acidental.
Ledger, aliás, não foi o único grande ator a falecer recentemente por uso excessivo de drogas. Semana passada, Brad Renfro (O APRENDIZ) foi encontrado morto pela mesma causa.
O mais triste acaba sendo ver a carreira promissora de um jovem talentoso encerrada assim, de forma tão trágica.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

A MENINA QUE ROUBAVA LIVROS

Qualquer estudante secundarista conhece a obra literária cujo narrador é conhecido como um defunto-autor (MEMÓRIAS PÓSTUMAS DE BRÁS CUBAS, de Machado de Assis). Mas o que dizer de um livro que conta com uma narradora ainda mais inusitada? Este certamente é o maior trunfo de A MENINA QUE ROUBAVA LIVROS, do escritor australiano Marcos Zusak, que utiliza-se da curiosa figura de sua narradora, a morte, em prol da sofisticada estrutura narrativa por ele criada.
A trama, contada por tão incomum narradora, gira em torno de Liesel, a tal “roubadora” de livros. Separada da mãe comunista em plena Alemanha Nazista, a trajetória da garota começa quando esta é adota pelos Hubermann, um casal alemão que a acolhe com dedicação, apesar das dificuldades financeiras enfrentadas. Daí em diante, acompanhamos com o passar dos anos as alegrias e desventuras vividas por Liesel, sejam elas ao lado de sua paixonite infantil, o vizinho Rudy, ou do amigo Max, um judeu escondido no porão, acolhido por Hans e Rosa Hubermann. Mais do que isso, testemunhamos o grande apego que a menina tem à figura do pai, sua paixão pelas palavras e, consequentemente sua compulsão em roubar livros, e por fim, os três encontros presentes durante a história entre protagonista e narradora.
Com um olhar extremamente poético, Zusak faz com que a morte seja a narradora ideal para sua história, fazendo com que esta não só esteja presente na trama, seja através de seus levantamentos filosóficos, seus comentários ácidos, ou sua simples presença predominante na guerra, mas, sobretudo, fazendo com que ela descontrua sua própria narrativa. Assim, não é incomum vermos fatos ocorridos nas páginas finais do livro, antecipados em outros momentos da história; a autoridade da narradora permite tal desconstrução, algo que Zusak explora bem sem enfraquecer qualquer impacto que os rumos da trama possam reservar ao leitor.
Presente na lista de best-sellers há quase um ano nas livrarias brasileiras, A MENINA QUE ROUBAVA LIVROS é um retrato moderno, poético e emocionante de um tema que já rendeu, e certamente renderá ainda muitas obras. É ainda mais interessante por escolher retratar as conseqüências do Nazismo e do holocausto sobre o próprio povo alemão.

por ALVARO ANDRÉ ZEINI CRUZ (um intrometido saindo da área audiovisual e adentrando o terreno da literatura)

domingo, 20 de janeiro de 2008

RACHEL BILSON NA "GQ"

Como um simples comentário sobre o peitoral de Penélope Cruz fez esse blog bombar semana passada (ao menos no número de visitantes), ta aí o ensaio sensual que a Rachel Bilson, a Summer de THE OC, fez para a revista GQ, nos Estados Unidos. Para quem quer mais, ela também está ao lado de Zack Braff (SCRUBS) no filme UM BEIJO A MAIS (numa locadora próxima a sua casa!) e está prestes a chegar aos cinemas com JUMPER.
E ainda perguntam por que OC é minha série preferida...

FONTE: SÉRIES & ETC.

por ALVARO ANDRÉ ZEINI CRUZ

NAÇÃO FAST FOOD

Boas intenções não fazem um bom filme, prova disso é este NAÇÃO FAST FOOD, de Richard Linklater, cineasta competente responsável por grandes trabalhos como ANTES DO AMANHECER, ANTES DO PÔR-DO-SOL e ESCOLA DE ROCK. E olha que bons pré-requisitos não faltaram ao longa!
Contanto com um elenco competente e variado, que traz desde nomes como Bruce Willis (numa participação especial), até atores como Paul Dano, Greg Kinnear (ambos de PEQUENA MISS SUNSHINE) e Catalina Sandino Moreno (MARIA CHEIA DE GRAÇA), mais presentes no cinema independente, NAÇÃO FAST FOOD é repleto de críticas ácidas e interessantes, e a premissa de acompanharmos de perto os bastidores de uma famosa rede de fast food, no mínimo desperta a curiosidade do expectador. O caráter documental que Linklater dá ao filme acaba revelando-se também uma opção cinematográfica interessante.
Infelizmente o roteiro do filme é falho em inúmeros aspectos. Assim, NAÇÃO FAST FOOD é incapaz de se aprofundar em qualquer que seja sua história ou crítica, fazendo uma colcha de retalhos superficial de inúmeros assuntos discutidos. Pior, seus personagens não apresentam profundidade alguma, servindo apenas como elementos de discurso, que a todo instante filosofam sobre os temas apresentados, o que soa de forma absolutamente artificial.
Como se não bastasse, o roteiro conta ainda com uma incapacidade absurda de desenvolver suas inúmeras tramas paralelas, e acaba dividindo-as por atos: a princípio somos apresentados ao personagem de Kinnear, o vice-presidente de uma grande rede de fast food, responsável por investigar uma contaminação da carne fornecida à empresa. Em paralelo, vemos a história de um grupo de latinos imigrantes ilegais, empregados em condições precárias no frigorífico fornecedor da rede. A trama envolvendo o vice-presidente cresce até o final do segundo ato, quando é simplesmente deixada de lado, enquanto outras que até então vinham a “Banho-maria”, (como a dos jovens ecologistas que num ato de manifestação “libertam” uma manada de bois) se sobressaem, desviando o foco narrativo mantido até então.
Irregular, NAÇÃO FAST FOOD é o típico filme cujas boas intenções sobressaem à obra cinematográfica (não a toa, esteve presente na seleção oficial de Cannes). Assim, sua chocante seqüência final, realizada num matadouro, acaba destoando do restante da obra, que é crítica, porém, superficial.


por ALVARO ANDRÉ ZEINI CRUZ

(50º post do blog!)

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

GLOBO DE OURO: CINEMA

É, deu zebra... Nem o aclamado SANGUE NEGRO, nem o favorito ONDE OS FRACOS NÃO TÊM VEZ. E o GLOBO DE OURO foi para... (os vencedores das principais categorias comentados abaixo):

MELHOR FILME DRAMA/SUSPENSE
DESEJO E REPARAÇÃO

Tudo bem, DESEJO E REPARAÇÃO encabeçava a lista com sete indicações, mas alguém realmente apostava nessa vitória? Afinal, poucos haviam ouvido falar do filme até o anúncio dos indicados, e ONDE OS FRACOS NÃO TÊM VEZ, dos irmãos Cohen vinha como favoritíssimo, seguido de perto pelo novo de Paul Thomas Anderson, SANGUE NEGRO. Tinha ainda Cronemberg e Ridley Scott. Assim, Joe Wright surge como um diretor a ser observado, já que esteve presente com ORGULHO E PRECONCEITO, seu filme de estréia, nas principais premiações de 2007, e retorna agora em grande estilo, mesmo sendo a zebra do Globo de Ouro.

MELHOR FILME COMÉDIA/MUSICAL
SWEENEY TODD - O BARBEIRO DEMONÍACO DA RUA FLEET

Apesar de ACROSS THE UNIVERSE ser um grande filme, a crítica especializada parece ter torcido o nariz para o musical com canções dos Beattles. Já HAIRSPRAY teve todo o entusiasmo da crítica, mas convenhamos que, por mais simpático que o musical estrelado por John Travolta seja, não é filme com cara de Globo (muito menos de Oscar). Assim, a disputa acirrada estava entre JOGOS DO PODER, de Mike Nichols (CLOSER), o independente JUNO, e o novo de Tim Burton, SWEENEY TODD, que acabou sendo o vencedor da noite.

MELHOR ATOR DRAMA/SUSPENSE
DANIEL DAY-LEWIS

Justo, afinal ele já era o favorito, e acaba sendo uma forma de recompensar SANGUE NEGRO, que por pouco não saiu de mãos abanando. Na verdade justo mesmo seria ele dividir o prêmio com os outros quatro excelentes atores que ficaram para trás.

MELHOR ATRIZ DRAMA/SUSPENSE
JULIE CHRISTIE

Não há muito que comentar, já que não vi a atuação de nenhuma das candidatas. Julie Christie sobressai-se num papel batido (o de uma mulher com mal de Alzheimer), mas que sempre acaba rendendo boas e emocionantes interpretações.

MELHOR ATOR COMÉDIA/MUSICAL
JOHNNY DEPP

Sem comentários! Não vejo a hora de Depp ganhar seu merecido Oscar.

MELHOR ATRIZ COMÉDIA/MUSICAL
MARION CONTILLARD

Se vocês olharem alguns posts abaixo (o que comento os indicados à premiação), vão ver que eu avisei. Odeio dizer, mas avisei. Só posso dizer que foi mais do que merecido.

MELHOR ATOR COADJUVANTE
JAVIER BARDEM

Vencedor por ONDE OS FRACOS NÃO TÊM VEZ, este excelente ator deve comemorar a premiação em praias brasileiras, ao lado da excelente companhia da namorada Penélope Cruz. (Ai que inveja do Javier...)

ps: é impressão minha ou aquele plongé de Almodóvar em VOLVER super favorecia o peitoral da atriz? Enfim, continua sendo Penélope do mesmo jeito.

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE
CATE BLANCHETT

Excelente atriz, figurinha repetida em premiações, desbancou a pretty woman Julia Roberts.

MELHOR DIRETOR
JULIAN SCHNABEL

Uma zebrinha. Desbancando favoritos como os irmãos Cohen, Ridley Scott e Tim Burton, o diretor de O ESCAFANDRO E A BORBELETA correu por fora e conquistou o Globo de melhor diretor.

MELHOR ROTEIRO
ONDE OS FRACOS NÃO TÊM VEZ

Depois de tiraram o quase certo Melhor Filme dos Cohen, deram a eles ao menos o prêmio pelo bom script que fizeram.

MELHOR ANIMAÇÃO
RATATOUILLE

Mais uma vez: eu disse que com PERSÉPOLIS de fora da categoria, o ratinho francês reinaria absoluto. Não deu outra!


por ALVARO ANDRÉ ZEINI CRUZ

GLOBO DE OURO: TV

MELHOR SÉRIE DRAMÁTICA
MAD MEN

Odeio quando HOUSE perde alguma coisa. Pelo menos não foi para THE TUDORS (chata...). Alguns dizem que MAD MEN é bacana; outros dizem que nem tanto. Eu reforço apenas que não sei, já que a série não tem data nem canal para vir ao Brasil.

MELHOR SÉRIE CÔMICA
EXTRAS

Não conheço EXTRAS, mas têm que ser muito boa para desbancar 30 ROCK, além da favorita e badalada PUSHING DAISIES.

MELHOR ATOR SÉRIE DRAMA
JON HAMM, por MAD MEN

Mais uma vez Michael C. Hall injustamente ignorado. Parece que DEXTER terá que continuar matando até ganhar seu merecido prêmio.

MELHOR ATRIZ SÉRIE DRAMA
GLENN CLOSE, por DAMAGES

Dizem que foi merecido, dizem que a série é ótima, dizem que estréia em fevereiro no AXN. Só posso dizer que estarei lá para ver!

MELHOR ATOR SÉRIE CÔMICA
DAVID DUCHOVNY, por CALIFORNICATION

Depois de levar um Globo de Ouro na época em que caçava os extraterrestres de ARQUIVO X, Duchovny volta a ganhar na pele do escritor mulherengo de CALIFORNICATION, como melhor ator em COMÉDIA! (an?!!!).

MELHOR ATRIZ SÉRIE CÔMICA
TINA FEY, por 30 ROCK

Apesar de Tina Fey ter desbancado America Ferrera (UGLY BETTY) e Mary-Louise Parker (WEEDS), duas atrizes sempre merecedoras de prêmios, gosto dela no pouco que conheço de 30 ROCK. Aliás, esse Globo cheira um pouco a consolação, já que a atriz é também criadora da série, deixada para trás por EXTRAS.


por ALVARO ANDRÉ ZEINI CRUZ

domingo, 6 de janeiro de 2008

ACROSS THE UNIVERSE

Grandes “crianças”, trajando “fraldas” e coturnos militares, adentram território vietnamita suportando sobre os ombros o peso colossal da Estátua da Liberdade. Este único plano certamente seria o suficiente para fazer valer ACROSS THE UNIVERSE, caso todo o resto fosse uma verdadeira bobagem. Acaba sendo mais uma belíssima metáfora visual, em meio a inúmeros outros momentos de inspiração, criatividade e ousadia apresentados filme afora.
ACROSS THE UNIVERSE revela-se logo de cara um projeto de enorme coragem e ambição ao construir seu roteiro sobre um romance, que ambientado na década de 60, é costurado através de músicas dos Beattles. Como resultado, algumas derrapadas, como o mau desenvolvimento de alguns personagens secundários e o caráter muitas vezes episódico da trama, mas ainda assim, um roteiro coeso que com boas sacadas e muita criatividade, não apenas desenvolve um belíssimo romance, como ainda cria através principalmente da boa utilização de sua trilha sonora, um comovente e crítico retrato da época.
As falhas do roteiro são bem supridas graças à inventiva direção de Julie Taymor (FRIDA), que demonstra ousadia ao fazer de ACROSS THE UNIVERSE uma verdadeira e hipnótica viagem visual, utilizando-se de efeitos especiais e de fotografia para de criar o universo alucinante (e alucinado) do filme.
Contando com a energia de três atores jovens e talentosos, a trama acerta ainda na construção de seus protagonistas. Assim, quando o boa-vida Max (Joe Anderson) é convocado a “lutar pela Pátria”, sua irmã Lucy (Evan Rachel Wood) se vê obrigada a integrar a militância política como forma de protesto, enquanto seu namorado Jude (Jim Sturgess), um jovem inglês ilegal em território americano, se vê deslocado sem ter uma causa própria para lutar.
Como se não bastasse, ACROSS THE UNIVERSE traz ainda duas seqüências antológicas envolvendo seu trio protagonista: a primeira traz o personagem Max no momento de seu alistamento, onde é examinado por um exército de robôs numa espécie de linha de produção. A segunda, ainda mais poética, traz o protagonista Jude cercado por morangos de sangue, enquanto sua namorada Lucy, que acompanha as atrocidades da guerra pela televisão, tem as imagens da tela projetadas sobre seu próprio rosto. Tudo embalado por “Strawberry Fields Forever”.
Mais do que um grande filme, ACROSS THE UNIVERSE é boa música para os ouvidos e, sobretudo, um delírio visual de primeiríssima qualidade.


por ALVARO ANDRÉ ZEINI CRUZ