sábado, 24 de fevereiro de 2007

O loto do Oscar

Sim. Tenho eu cá que dar minha opinião também, para podermos ter um pequeno joguinho apostático e ver quem entende mais de nosso delicioso cinema blockbuster do Tio Sam. Ou não; talvez a graça esteja em tentar prever quem ganha e quem não ganha (ainda que eu tenha certeza que vamos contabilizar os erros e acertos e comparar, saudáveis competidores que somos).

Lá vai então:

Melhor Filme: A lógica seria Babel, a não surpresa Cartas de Iwo Jima e a completa zebra Pequena Miss Sunshine. Como a vida é feita de zebras, vai ser Pequena Miss Sunshine.

Melhor diretor: Batalha de grandes projetos. Iñarritu fez praticamente três filmes diferentes para montar Babel; Eastwood corre não só com Cartas de Iwo Jima, mas também com A conquista da Honra, parte do mesmo projeto. Do outro lado, um Scorcese despreocupado em ganhar o Oscar: realizou os Inflitrados entre amigos. Gosto muito mais dele assim. Na balança da justiça da Academia está em débito com Scorcese, pois ele deveria ter ganhado por O touro indomável, muitos anos no passado. Mas a Academia é muito maldosa quando quer ser assim (para a tristeza de muitos). Correndo por fora (talvez fora demais), Paul Greengrass pelo vôo 93 e Stephen Frears pela Rainha, produções muito competentes mas mesmo assim com poucas chances de bater as outras. Resumo da ópera: a Estatueta deve ficar entre Iñarritu e Eastwood e me abstenho de escolher entre eles.

Melhor ator: Este ano, a epidemia das personagens históricas continua com tudo. Agora, saímos um pouco da música (talvez pelo fato de Dreamgirls ser um filme “coletivo” enão ter uma presença forte no elenco para concorrer nas interpretações como principal) e vamos todos pagar tributo às nobres figuras históricas do Velho Mundo. Reza a lenda que ganha Forest Whitaker por O Último Rei da Escócia. Eu não vi o filme, mas deve ganhar mesmo: a crítica dita especializada em reis do século XIX e a família real diz que ele está perfeito no papel; a viúva até surtou quando vi o filme. Ironias à parte, Leonardo di Caprio construiu o melhor personagem da sua carreira em Diamante de Sangue e merece respeito. Will Smith está muito interessante em seu personagem também.

Melhor atriz: Alguma dúvida sobre quem ganha? Essa categoria já foi mais difícil. Seguindo a lógica, Hellen Mirren, A Rainha. Faço essa escolha de coração partido. Deveriam ter deixado pra lançar Volver ano que vem.

Melhor ator coadjuvante: Não sou tão otimista como meu caro colega colaborador. Eddie Murphy, que já ganhou o Globo de Ouro. Particularmente, eu ficaria emocionado de vê-lo recebendo um Oscar, ainda que eu acredite que a melhor atuação dele seja pelo detetive Axel Foley em Um tira da Pesada.

Melhor atriz coadjuvante: E não é que Cate Blanchet conseguiu uma indicação? Após haver reclamado que seu papel em Babel tinha poucas falas (injustiça pois Rinko Kikuchi fala muito menos e está indicada), ela conseguiu uma indicação por Notas sobre um escândalo. E sabem quem vai ganhar? Ela mesmo.

Melhor roteiro original: Paul Haggins, diretor de Crash, ataca novamente como roteirista, indicado por Cartas de Iwo Jima. Interessante esse sujeito, aprecio bastante o seu trabalho. Roteiro original? Difícil escolher. Adorei o roteiro da Rainha, mas não sei se tem força suficiente pra levar a estatueta. Babel é magnificamente bem amarrado (sim, mas Amores Brutos era bem melhor). Pequena Miss Sunshine é uma jóia delicada. O labirinto do Fauno é o menos original, pois cola milhões de referenciais de fábula em um cenário bélico, mas em compensação é de longe o mais criativo. Puxa...temos cá empate técnico.

Melhor roteiro adaptado: Borat é muito criativo. Mas quem ganha são Os Infiltrados, uma das melhores conduções narrativas de história policial já vistas no cinema.

Melhor Fotografia: Tem gente dando o prêmio como certo pra Filhos da Esperança. Eu concordo. Nunca estive numa guerra. Mas agora eu sei como é. Obrigado, señores Cuáron e Alex Rodriguez.

Melhor edição: Do ponto de vista técnico, Vôo 93. Mas não sei...acho que leva Babel. A cadência das seqüências e as linkagens de cena estão boas. Diz meu caro colega colaborador que, se um filme não for indicado na categoria edição, não leva o Oscar. Vamos ver se esse tabu se confirma.

Melhor direção de arte: Uma categoria em que Dreamgirls contabiliza um Oscar pra possível coleção.

Melhor figurino: que surpresa estranha seria O diabo Veste Prada ganhar alguma coisa, não? Mas pode ser que o “Velozes e Furiosos” versão feminina leve um prêmio pra casa sim.

Melhor trilha sonora: Está nas mãos de Gustavo Santaoalla, por Babel. Ele é um dos mais produtivos criadores de trilhas da atualidade. Sou fã desse cara.

Melhor canção: Escolha a sua canção preferida dentre as três canções indicadas de Dreamgirls e estará acertando. É uma chance em três, mas a certeza é uma: Dreamgirls deve sair vitorioso nessa batalha desigual.

Melhor Maquiagem: Quem sabe Mel Gibson não sai com uma estatueta de consolação? Apocalipto tem uma excelente maquiagem.

Melhor edição de som: Ponto pra Cartas de Iwo Jima.

Melhor Mixagem de som: Ah...se é mixagem, então nesse caso vamos com Dreamgirls.

Melhores efeitos especiais: O do Peter Jackson. Ops...ele não lançou nenhum filme esse ano. Mas ano que vem deve ganhar. Quem ganha então? Piratas do Caribe leva seu único Oscar pra casa.

Melhor Animação: Ganham os Carros. Essa temporada não foi muito inspiradora para as animações. Enfim...geralmente ganha aquele que mais vendeu em bilheteria.

Melhor filme estrangeiro: Não gosto de julgar sem ter visto mais que um filme. O Labirinto do Fauno é excelente, mas e os outros? O que têm eles pra nos dizer?

Melhor filme documentário: A mesma coisa da categoria anterior. Se Uma verdade inconveniente ganhar, é bem provável que o próximo presidente americano seja um membro do Partido Democrata. A Academia também captura o atual sentimento político americano.

Melhor documentário em curta metragem, melhor animação em curta metragem e melhor Curta metragem: Tá...nessas horas, você levanta e vai geralmente fazer um lanchinho na cozinha. Mesmo assim, todos esses nomes estranhos em inglês (que provavelmente jamais serão traduzidos pro português), devem conter coisas muito interessantes de serem vistas. Por quê somos privados de vê-las? Poxa...nem num site da Internet podem ser encontrados. Pena que ninguém paga pra assistir curta metragens num cinema.

*Carlos Debiasi é estudante de cinema e se pergunta que fins levam os vencedores da Mega Sena.

Um comentário:

Ana Paula Málaga disse...

Carlos Debiasi, fiquei com preguiça de ler seu texto imenso e só vim aqui declarar 2 coisas: 1) sidney magal é a alegria de nossas vidas! 2) cadê vc? foi para a cerimonia do oscar?!
Boa sorte nesse bolg que acaba de nascer. Espero que ele se torne um blog saudável e feliz! Mil beijos pra vc e pro alvinho e hasta un dia de la vida.