terça-feira, 29 de janeiro de 2008

A LENDA DO TESOURO PERDIDO - LIVRO DOS SEGREDOS

Seqüências cinematográficas vêm sempre cercadas de grandes expectativas, além de uma interrogação bastante batida, mas quase que inevitável: “É tão bom quanto o primeiro?”. No caso de A LENDA DO TESOURO PERDIDO – LIVRO DOS SEGREDOS a resposta é um categórico NÃO, a ser discutido e dissecado nos parágrafos abaixo, que ainda assim, não atrapalha a eficiência do longa se visto como um mero exemplar do cinema entretenimento (o que já é alguma coisa, ou alguém esperava algo além disso?).
Direto ao ponto, a grande mancada de O LIVRO DOS SEGREDOS está em seu roteiro mal-escrito, que além de recorrer a uma porção clichês típicos do gênero (é quase impossível conter o riso quando vemos Nicholas Cage soltar um sonoro “Cuidado, ele está armado!”), é incapaz de dar qualquer complexidade à construção de seus personagens. Assim, vemos grandes talentos como Hellen Mirren (A RAINHA) e Ed Harris (AS HORAS) desperdiçados em caricaturas existentes apenas para dar algum conflito à trama (Harris, especialmente, já que seu vilão é submetido a todo instante aos turn-points da história). Como se não bastasse, O LIVRO DOS SEGREDOS confirma sua incompetência apresentando ao herói uma motivação fraca, quase que absurda, como desculpa para esta nova aventura, e não satisfeito, dá ao mocinho Ben Gates (Cage) um caráter bufão não condizente ao protagonista da série (a cena em que Cage discute com a ex-mulher é, simplesmente, constrangedora de ser assistida). Em tempo (e quase me esquecendo do maior dos absurdos) tenta ainda fazer o expectador de idiota, com uma subtrama completamente inverossímil envolvendo o seqüestro do presidente norte-americano.
Sob a direção apenas mediana de Jon Turteltaub, LIVRO DOS SEGREDOS afunda-se ainda mais através de interpretação equivocada de Cage. Turteltaub, por sua vez, demonstra-se incapaz de criar uma boa seqüência de ação nos dois primeiros atos, vindo a surpreender apenas na parte final da história (muito mais pelos efeitos do que por qualquer outra coisa).
Afinal, o que salva LIVRO DOS SEGREDOS de ser uma tremenda bomba? Ora, as boas presenças de John Voight, Diane Kruger e Justin Bartha (que rouba a cena como o atrapalhado historiador assistente de Gates), o bem sacado uso de tecnologia cotidiana (como câmeras de celulares e até mesmo um radar eletrônico) como objetos recorrentes no desenrolar da aventura, e o simples fato de que uma caçada ao tesouro é sempre uma boa pedida. E embora esteja longe de qualquer clássico INDIANA JONES, ou sequer se iguale ao original, A LENDA DO TESOURO PERDIDO – O LIVRO DOS SEGREDOS certamente será entretenimento garantido para quem procura diversão simples e despretensiosa.


por ALVARO ANDRÉ ZEINI CRUZ

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