segunda-feira, 31 de março de 2008

QUERIDOS AMIGOS

QUERIDOS AMIGOS, recém-encerrada minissérie da Globo, estreava há pouco mais de um mês cercada de grande expectativa. Havia motivos para tanto: a premissa da trama de Maria Adelaide Amaral, responsável por trabalhos excepcionais como A MURALHA, OS MAIAS e A CASA DAS SETE MULHERES, era madura e intimista, e vinha defendida por um elenco invejável composto por atores e atrizes que muito esporadicamente dão o ar da graça em produções da casa. Ou seja, um elenco com gabarito suficiente para escolher quando e onde trabalhar.
Infelizmente, limitaram-se aí os aspectos positivos da trama; na presença de um casting quase que exclusivo às minisséries globais (com nomes como Débora Bloch e Maria Luisa Mendonça), com destaque especial a atuação de Guilherme Weber, conseguindo reverter o estereótipo exagerado do homossexual Benny em prol da construção do personagem, e ao trio formado pelos sempre competentes Bruno Garcia, Drica Moraes e Denise Fraga, que tiveram aqui uma rara oportunidade de explorar papéis dramáticos em televisão.
No mais, tudo ficou na promessa. No lugar da maturidade esperada de QUERIDOS AMIGOS, viu-se um texto esquemático e excessivamente didático, principalmente no que diz respeito ao contexto histórico da trama. Quanto aos personagens, a grande maioria só se salvou do caricatural completo graças à competência de seus atores. Ainda assim, grandes nomes como Dan Stubach e Matheus Nachtergale não conseguiram fugir dos estereótipos e criaram duas das figuras mais aborrecidas da série: o protagonista Léo e o esquerdista radical Tito.
Por fim, QUERIDOS AMIGOS coleciona do começo ao fim uma série de momentos constrangedores. Haviam sim boas cenas, mas para cada uma delas, haviam outras duas de Léo brincando de mágico (fazendo surgir pombas ou jorrar purpurina do céu) ou simplesmente fazendo discursos filosóficos de botequim para os demais amigos que dão nome a trama (todos com problemas conjugais). Repetitiva, lenta e por muitas vezes, brega, não fosse o fato de ser falada em português e ter tantos talentos em cena, QUERIDOS AMIGOS poderia bem ser confundida a qualquer novelinha latina exibida no SBT, o que é decepcionante, pois fica a impressão de um caso claro onde pretensão falou mais alto do que qualidade.


por ALVARO ANDRÉ ZEINI CRUZ

Um comentário:

Anônimo disse...

Hummm esse texto vai gerar longas conversas entre nós rsrs concordo com a parte dos estereótipos, mas sobre o resto eu tenho um ponto de vista bem diferente. Talvez porque estejamos falando da visão de alguém que não esperava nada e encontrou muito em oposição à de alguém que esperava muito e encontrou pouco... ou não... tenho consciência de que essa minissérie me tocou de um forma particular, só minha (pq realmente não foi um sucesso), mas depois a gente desenvolve essa conversa ao vivo!
Bjo =)