domingo, 23 de março de 2008

O ORFANATO


Produzido pelo diretor/produtor Guilhermo del Toro, O ORFANATO divide inúmeras semelhanças com a filmografia de seu produtor executivo, especialmente se comparado à ESPINHA DO DIABO, cuja trama também gira em torno de um abrigo para menores, e ao recente O LABIRINTO DO FAUNO, que assim como O ORFANATO foi lançado nos cinemas brasileiros como um típico exemplar do cinema de horror, muito embora sejam obras mais pendentes ao drama e a tragédia de seus personagens.
Estrelado por Belén Rueda, a trama gira em torno de Laura e seu retorno ao antigo orfanato em que fora criada. Mas a partir do momento em que ela, o marido e o filho passam a habitar o velho casarão, estranhos acontecimentos começam a perturbar a rotina familiar e culminam no misterioso desaparecimento de Simon, o filho do casal.
A trama aparentemente batida acaba se diferenciando graças as óbvias influências de del Toro na concepção do universo em que se passa a história e, principalmente, graças a inspirada direção do estreante Juan Antonio Bayona. Após um primeiro ato falho, onde personagens e conflitos são apresentados de maneira rápida e esquemática, Bayona trilha um caminho parecido ao de Walter Salles no interessante ÁGUA NEGRA, preferindo focar-se durante boa parte da projeção no sofrimento de sua protagonista, na busca pelo filho desaparecido e nas conseqüências do sumiço da criança sobre seu casamento. Optando por um caminho mais dramático, o diretor insere aos poucos os já conhecidos marcadores do cinema de horror (portas que rangem, janelas que se quebram, ruídos tenebrosos) até se entregar totalmente ao gênero em seu terceiro ato. É quando opta novamente, e ao invés de simplesmente pregar peças e sustos manjados no expectador, escolhe criar um clima de tensão constante que permanece até o desfecho da história (a câmera na mão e as consecutivas panorâmicas utilizadas pelo diretor em determinados momentos da trama só comprovam sua habilidade na utilização da linguagem a fim de provocar tensão).
Coroando o excepcional trabalho de Bayona, o design de som de O ORFANATO torna-se indispensável na criação de climas, assim como a belíssima direção de arte que dá um aconchego sombrio ao antigo casarão que nomeia a trama. Por fim, O ORFANATO destaca-se por não tentar inovar elementos típicos do filme de terror, contentando-se apenas em saber utilizá-los, o que já é muito considerando-se o desgaste do gênero ao qual pertence. Acaba sendo uma alternativa interessante para aqueles que evitam os genéricos hollywoodianos do cinema oriental, muito embora prefira apenas manter seu público tenso, ao invés de pregar meia dúzia de sustos baratos.
por ALVARO ANDRÉ ZEINI CRUZ

Um comentário:

Anônimo disse...

Prefiro quando vc fala de séries.....