sábado, 16 de agosto de 2008

BATMAN - O CAVALEIRO DAS TREVAS

Em recente entrevista à revista Newsweek Entertainment, o diretor Christopher Nolan definiu o Coringa como um elemento anárquico, um agente causador do caos. Em determinado momento de BATMAN – O CAVALEIRO DAS TREVAS, o próprio personagem se intitula do mesmo modo. O fato é que o Coringa de Heath Leadger é o mal sem grandes explicações. Ele simplesmente existe e perturba, levando seus oponentes e, conseqüentemente a nós espectadores, a um estado de tensão constante e esgotamento psicológico. Sempre que o personagem invade a tela, a trilha sonora torna-se um zumbido crescente e perturbador, e a câmera de Nolan parece flutuar atraída em torno do palhaço macabro.
Em contraponto extremo ao Coringa, está a figura do Comissário Gordon, o mais genuíno representante do bem dentro da trama. Gordon é o policial dedicado e incorruptível, o pai de família amoroso e, dentre os personagens centrais, o único cuja noção de justiça jamais sofre distorções.
Duas outras figuras transitam entre essa dupla de extremos, o chamado Cavaleiro Branco e o já conhecido Cavaleiro das Trevas. De um lado, vemos o promotor de justiça Harvey Dent, um homem aparentemente incorruptível, não fosse a flexibilidade de seu senso de justiça a partir de determinado momento da trama. A princípio, Dent é o herói perfeito para Gotham City, seja pela sua determinação inabalável, seja por seu rosto livre de máscaras ou maquiagens, algo que parece ter-se tornado imprescindível numa cidade dominada por uma série de personagens que escondem a face. Do outro, o homem-morcego, ou o chamado Cavaleiro das Trevas. Embora Dent fosse o herói que Gotham sempre buscara, ele revelara-se um tanto quanto tardio, já que em tempos difíceis, Batman, e é bom distinguir o herói do personagem Bruce Wayne, era o justiceiro que, bem ou mal, agia de alguma forma. Ele só não esperava que suas ações desencadeassem reações tão contraditórias: se por um lado a criminalidade de Gotham diminui, por outro, a cidade passou a ser povoada por uma série de civis e criminosos fantasiados de homens-morcego, espalhando o caos ou fazendo justiça com as próprias mãos.
Não à toa, durante o único embate ocorrido entre Batman e o Espantalho durante o filme, um segundo criminoso trajando roupas similares às do herói, questiona ao verdadeiro: “Qual a diferença entre nós?”. Temos assim revelado nos primeiros minutos de projeção a verdadeira questão que move O CAVALEIRO DAS TREVAS. O que separa aquelas duas figuras? Qual a profundidade do abismo existente entre o Coringa e o Comissário Gordon? A resposta é: não há abismo, e sim uma linha tênue que separa o herói e o antagônico, o bem e o mal. Aqui, no caso, essa linha é composta por Harvey Dent e Batman, e ambos serão impiedosamente testados até optarem por um lado. Quanto a Bruce Wayne, pode-se dizer que o personagem em si já não existe mais, algo afirmado por Rachel Dawes ao final de BATMAN BEGINS. Wayne acabou tornando-se apenas uma máscara para que o sombrio e amargurado herói pudesse circular dentre a sociedade.
Destrinchando o arquétipo do herói até as últimas conseqüências, BATMAN – O CAVALEIRO DAS TREVAS faz com que o homem-morcego e Harvey Dent choquem-se com sérios questionamentos sobre ética e justiça. A diferença é que Batman, além de ser uma figura conscientemente maldita e conformada, conta com o auxílio de mentores em sua jornada. Para Dent, a queda é maior. Ele é atingido em cheio pela devastação causada pelo Coringa, e acaba construindo sua própria sorte através do caos desencadeado por aquele que pode então ser considerado seu criador. Ambos saem transformados: o promotor de justiça, antes símbolo de esperança, torna-se um justiceiro de valores equivocados, o Duas Caras. Batman, por sua vez, confirma uma máxima do filme: “ou você morre herói, ou vive o bastante para tornar-se vilão”. O elemento transformador desses personagens simboliza a insegurança e a corrupção de uma sociedade, age pelo simples prazer de agir e faz do pânico sua mais poderosa arma, tem ares de debochado, cabelos verdes desgrenhados e assume a cena sempre que surge. Um rosto de palhaço borrado é, enfim, um resumo físico daquilo que o filme de Christopher Nolan significa.

por ALVARO ANDRÉ ZEINI CRUZ

Um comentário:

Luiz Rosa disse...

AEWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWW
WWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWW...

aleluia hehe, bom primeiramente achei bem interessante sua crítica, eu vi duas veses o filme, depois de refletir um pouco, pra mim o filme diz que o Batman acredita que o o que a cidade precisa é um simbolo forte para o bem, Dent tomaria o lugar do Batman (eles acreditam na democracia), já o coringa parece crer que a habilidade do homem de pensar criou (fazendo comparação com outro filme) leões domados por cordeiros, ele acredita que o sistema atual faz a pessoa dócil e o sistema em si fraco e facilmente abalavel sendo o unico jeito de viver ser sem regras...

Vlw velho, bons comentários, abraço...

Obs: vendo final fantasy VII A.C. o filme baseado no jogo, a tecnologia japonesa usada na animação é esmagadora e foi feita em 2004 (se eu n me engano) em contra partida as formas quadriculadas de clone wars chega a ser ridículo...