Num primeiro
momento, “Seventh Code” parece se engajar ao estilo de “Tokio Sonata”, por se
afastar do horror recorrente nas obras de K. Kurosawa e centrar sua trama numa
esfera cotidiana e em personagens que, em trânsito, vivem suas buscas sem terem
muita certeza de quais elas são (ao menos aparentemente). Mas, de repente, a
trama de máfia que havia sido brevemente introduzida no começo do filme,
sobressai e muda um bocado a forma das coisas – do naturalismo do restaurante
passamos ao apartamento, espaço estranho que parece concatenar uma série de
imagens estereotipadas quando se pensa em Rússia, país onde se
passa a história e o filme foi filmado. A presença de uma cantora pop japonesa
como protagonista de uma história sobre máfia me fez lembrar um pouco de
“Sailor suit and machine gun”, de Shinji Sômai, filme cheio de zooms e câmeras
na mão (Kurosawa também usa câmeras na mão quando segue sua personagem pelas
ruas). Da decupagem de seus filmes de horror, Kurosawa traz principalmente os
planos gerais em que as ações acontecem muito distantes, pequenas no quadro – e
contrapostas aos espaços abertos, sobretudo urbanos, rendem planos bem bonitos
ao filme. Passado o espanto da virada na trama já em seu terço final, há ainda
o videoclipe da atriz/cantora entrecortando as cenas, o que faz do filme uma
esquisitice ainda mais divertida.
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