quarta-feira, 9 de julho de 2014

SEVENTH CODE



Num primeiro momento, “Seventh Code” parece se engajar ao estilo de “Tokio Sonata”, por se afastar do horror recorrente nas obras de K. Kurosawa e centrar sua trama numa esfera cotidiana e em personagens que, em trânsito, vivem suas buscas sem terem muita certeza de quais elas são (ao menos aparentemente). Mas, de repente, a trama de máfia que havia sido brevemente introduzida no começo do filme, sobressai e muda um bocado a forma das coisas – do naturalismo do restaurante passamos ao apartamento, espaço estranho que parece concatenar uma série de imagens estereotipadas quando se pensa em Rússia, país onde se passa a história e o filme foi filmado. A presença de uma cantora pop japonesa como protagonista de uma história sobre máfia me fez lembrar um pouco de “Sailor suit and machine gun”, de Shinji Sômai, filme cheio de zooms e câmeras na mão (Kurosawa também usa câmeras na mão quando segue sua personagem pelas ruas). Da decupagem de seus filmes de horror, Kurosawa traz principalmente os planos gerais em que as ações acontecem muito distantes, pequenas no quadro – e contrapostas aos espaços abertos, sobretudo urbanos, rendem planos bem bonitos ao filme. Passado o espanto da virada na trama já em seu terço final, há ainda o videoclipe da atriz/cantora entrecortando as cenas, o que faz do filme uma esquisitice ainda mais divertida.

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