sábado, 26 de maio de 2007

Piratas do Caribe - No fim do mundo

PIRATAS DO CARIBE - NO FIM DO MUNDO


Bruce Wayne, Clark Kent, Peter Parker. Heróis que migraram dos quadrinhos para as telas do cinema. Em comum, identidades secretas usadas no combate ao crime. Jack Sparrow não precisa de máscaras ou grandes aparatos tecnológicos (o chapéu e a espada bastam); ele sequer está preocupado com os contraventores do mundo (já que ele mesmo o é). O fato é que apesar do caráter duvidoso, o personagem criado por Johnny Depp é talvez um dos maiores ícones do cinema hollywoodiano recente, podendo até mesmo ocupar uma vaga na lista dos super-heróis que habitam a tela mágica do cinema.
Dirigido por Gore Verbinski (o mesmo das seqüências anteriores), “Piratas do Caribe - No fim do mundo” chega às telas trazendo velhos conhecidos do público de volta, como o mocinho insosso Will Turner (Orlando Bloom), a bela e perspicaz Elizabeth (Keira Knightley), o ressuscitado Capitão Barbossa (Geoffrey Rush) e o já citado Jack Sparrow (Depp). A trama gira em torno de... bem, a trama simplesmente gira o bastante para deixar qualquer um tonto e é esta a principal falha da terceira aventura da série.
Assim, sem se preocupar em amarrar pontas soltas, o roteiro assinado por Ted Elliot e Terry Rossio cria tramas e subtramas excessivas, cheias de personagens e reviravoltas. Como se não bastasse, muitas delas acabam mal explicadas ou simplesmente abandonadas durante o desenrolar da história, o que é lamentável para uma série que até então vinha com um roteiro coeso e personagens bem estruturados.
A fragilidade do roteiro rende ainda momentos constrangedores ao filme, como aquele em que Jack Sparrow se encontra com vários de si próprio numa alucinação “a la” John Malkovich, em “Quero ser John Malkovich”. A piada não funciona, assim como tantas outras espalhadas pelo filme afora.
Mas “Piratas” tem seus trunfos. Para cada piada ruim, há sempre um humor sagaz vindo das peculiaridades de cada personagem. Para cada Orlando Bloom (o elo frágil do elenco), há os formidáveis Johnny Depp, Geoffrey Rush e Bill Nigh (embora o roteiro o ignore durante boa parte da projeção), além de, é claro, a talentosa Keira Knightley, cada vez mais crescente em seu papel.
Alias, se há algo a se destacar neste novo filme é o trio formidável formado pelos Capitães Sparrow, Barbossa e Shawn (Elizabeth). Enquanto Geoffrey Rush parece se divertir de volta a pele de Barbossa, Knightley pontua bem a transformação de sua personagem, e é ao lado de Johnny Depp o grande destaque do elenco. Quanto a Depp, o simples fato de revê-lo na pele de Jack Sparrow paga qualquer ingresso, algo que já sabíamos antes mesmo de entrar na sessão.
Tecnicamente impecável, “Piratas do Caribe - No fim do mundo” conta com fotografia e figurinos lindíssimos, além de efeitos especiais de tirar o fôlego (basta conferir a batalha no redemoinho). O aguardado embate entre Sparrow e Davy Jones é talvez um dos melhores da série (embora um segundo envolvendo um pedido de casamento não fique atrás). Levemente inferior às demais, esta terceira seqüência não perde o brilho nem a diversão da bem sucedida série “Piratas do Caribe”. Deixa ainda portas abertas caso Jack Sparrow queira dar as caras de novo nas telas.

por Alvaro André, encantado com Keira Knightley

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