“Tropas Estelares” tem um frescor
que, à princípio, toda obra de ficção-científica deveria ter. Afinal, é um dos subgêneros
que dá maior abertura à um reset do mundo como ele é, sem no entanto, se
desprender totalmente dele (ou talvez do que haja de essencial nele). É assim neste filme de Verhoeven, que nesse
diapasão da ficção-científica futurista centrada num mundo de extrema
globalização (onde Buenos Aires é igual à Nova York), fala de forma crítica
dessa homogeneização da assepsia, da não identidade, que transforma o mundo num
vídeo institucional. Aliás, essa é uma ideia que percorre o filme: ele abre no vídeo institucional, apresenta os
desdobramentos da trama, que no fim, desemboca novamente no institucional de
motivações mecanizadas e números. Apesar do registro satírico, há uma aura em
torno do filme que faz com que pareça que antes dele nunca houvera ficção-científica,
como se o Cinema nunca houvesse visitado outros mundos. Algo de pueril (talvez
uma "ingenuidade" boa) por parte de Verhoeven, que ao mesmo tempo em que
satiriza, brinca de ser (re)inventor do gênero. Mas isso está mais numa esfera
do impressionismo mesmo, portanto, posso estar falando bobagem...
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