quinta-feira, 23 de agosto de 2007

PARIS, TE AMO


PARIS, TE AMO é uma verdadeira colcha de retalhos confeccionada com dezoito pequenas histórias realizadas por alguns dos diretores mais influentes do cinema atual. Como resultado, uma obra repleta de irregularidades. Mas convenhamos; como não se encantar por um filme que traz inúmeras histórias de amor que têm como pano de fundo a capital francesa?
Em cada história de PARIS, TE AMO vemos a visões distintas de cada diretor sobre as inúmeras formas de amar, além de retratos bastante diversificados de uma mesma cidade. Com olhares e abordagens diferentes, é comum que os curtas contenham irregularidades, principalmente se vistos como um todo. Analisados separadamente, surgem aqueles que se destacam, diante de outros apenas corretos. Verdade seja dita, poucos são excepcionais, mas nenhum está sequer próximo de ser ruim.
Dentre tantas histórias, destacam-se a do metrô parisiense (dirigida pelos irmãos Cohen), do homem que por uma artimanha do destino desiste de se divorciar (da espanhola Isabel Coixet), do cego que se apaixona pela atriz (de Tom Twyker), da mãe que sofre a perda do filho, e por fim a divertida trama envolvendo um casal de mímicos.
A trama dirigida pelos brasileiros Walter Salles e Daniela Thomas, que traz a colombiana Catalina Sandino Moreno (Maria Cheia de Graça) é tocante, porém apenas correta. Dentre as decepções, a história de abertura que se passa quase inteira dentro de um carro estacionado (e que deixa de explorar quase que totalmente a paisagem parisiense, um erro recorrente também em outros curtas), a do representante de vendas asiático e por fim a dirigida por Alfonso Cuarón, que traz um plano seqüência de um casal que dialoga enquanto caminha.
Além da irregularidade, Paris, te amo peca ainda pela falta de criatividade cinematográfica. O roteiro acaba na maioria das vezes sobrepondo à direção, e há ainda uma estranha opção de todos os diretores (sem exceção) de retratar a cidade-luz sempre com tons nebulosos e melancólicos, dando à Paris uma escuridão que não condiz. PARIS, TE AMO acaba sendo um filme simpático e encantador pelos personagens e situações criadas pelo roteiro, mas falha pela falta de criatividade, por seu caráter episódico e principalmente, por explorar mal as belezas de uma cidade que certamente renderia mais.
por ALVARO ANDRÉ ZEINI CRUZ