sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

O LADO BOM DA VIDA



Como já tinha me alertado um amigo, o começo do filme é de doer. Os personagens estão tão afundados, que por ali parece que não há saída, a vida é aquilo, sempre será aquilo e ponto. Dá pra tomar um rivotril ou algum semelhante nos primeiros vinte minutos de filme.

Depois melhora... há alguns momentos fortes. Gosto daquele na lanchonete, em que há o primeiro e mínimo sinal do protagonista em direção à mudança: ele fica tão curioso pela história que a personagem de Lawrence está contando, que por alguns segundos esquece sua obsessão pela ex-esposa.

Essa alternância de sentidos (mudança, defeito, mudança, defeito) segue bem até certo ponto. Quando chega aquele sumário narrativo com os ensaios de dança, me parece haver um pulo no personagem de Cooper: dali para frente, ele é praticamente outro. Se o aprisionamento ao passado era até então algo que berrava o tempo todo, a partir daquela passagem um milagre acontece e o personagem retorna praticamente curado. Já a personagem de Lawrence é mais vertical: suas intenções parecem claras desde o princípio e apenas passamos o filme descobrindo as entrelinhas, escavando essa intenções mais e mais. Talvez por isso seja uma personagem mais interessante.

É injusto dizer que é um filme de atuações, já que a direção é o tempo todo muito presente (aliás, toda direção é presente, mas vocês entenderam...). Pode-se questionar ou não as escolhas de Russell, mas elas estão ali e não pretendem passar desapercebidas.

Cooper e Lawrence tem interpretações alinhadas, mas ela realmente tem uma presença hipnótica. Já De Niro está lá fazendo a "De Niro's face" num personagem meio bundão.

O clímax do concurso de dança me pareceu meio frio. A dança dos famosos do Faustão é mais empolgante.